quinta-feira, 6 de outubro de 2016

A IGREJA CATÓLICA CELEBRA O CORPO E O SANGUE DE CRISTO?


       Um processo de afastamento contínuo da fé evangélica e da adoração livre descritas no NT teve seu início no século II. Este afastamento foi suficiente para paulatina e progressivamente mudar o caráter do próprio cristianismo. Fica claro na Ordem Eclesiástica, de Hipólito, compilada antes do ano 236, que ocorrera grande desenvolvimento por volta da metade do século III. Algumas formas litúrgicas já tinham sido estabelecidas até essa data, mas o culto ainda era bem simples e relativamente breve, sendo que algumas das orações eram livres (espontâneas).
Originalmente, a missa romana era um rito simples com duas divisões principais: a Liturgia da Palavra e a Liturgia do Cenáculo. Paulatinamente, no entanto, a mesa da comunhão cedeu lugar ao altar, que era colocado contra a parede, e o clérigo oficiante  tornou-se o sacerdote que ia até ao altar, a fim de oferecer um sacrifício em benefício das pessoas presentes, sacrifício este que elas mesmas não podiam oferecer. ,segundo o catecismo católico
1552. O sacerdócio ministerial não tem somente o encargo de representar Cristo. cabeça da Igreja, perante a assembleia dos fiéis; age também em nome de toda a Igreja, quando apresenta a Deus a oração da mesma Igreja (30) e, sobretudo, quando oferece o sacrifício eucarístico (31).
Porem a bíblia ave Maria os refuta
27. que não tem necessidade, como os outros sumos sacerdotes, de oferecer todos os dias sacrifícios, primeiro pelos pecados próprios, depois pelos do povo; pois isto o fez de uma só vez para sempre, oferecendo-se a si mesmo.
28. Enquanto a lei elevava ao sacerdócio homens sujeitos às fraquezas, o juramento, que sucedeu à lei, constitui o Filho, que é eternamente perfeito.
Livro Hebreus Capitulo 7 – Hebreus, 7
Bíblia Ave Maria
       Até o fim do século IV, à medida que a realidade da presença de Cristo no culto da Comunhão cedia lugar a um conceito extremamente localizado de Sua presença no pão e no vinho, barreiras começavam a ser levantadas progressivamente entre o altar e o povo. A Ceia do Senhor já não era um culto alegre de ações de graça evangélicas; tornara-se um espantoso sacrifício objetivo do corpo e do sangue de Cristo. A importância deste desvio radical do ensino e da prática neotestamentários não pode ser superestimada. Representa uma marca divisória na história da adoração na igreja cristã. Resultou na eliminação da maioria daquilo que caracteriza a adoração evangélica. Os adoradores passaram a ser meros espectadores, observando a atividade do sacerdote ao altar. Erros doutrinários tais como a transubstanciação, a penitência e as obras meritórias contribuíram para o declínio da adoração e da insatisfação cada vez maior dos adoradores. A medida que os pagãos professavam em grande número a aceitação do cristianismo, começavam a exercer influência, especialmente ao introduzirem uma ênfase ao "mistério" da Ceia do Senhor. Ao invés da perpetuação da simplicidade da adoração cristã primitiva, a forma e a cerimônia vieram a ter a primazia. Foi preparado o caminho para a mudança radical da Ceia do Senhor na missa romana, com todos os abusos que daí se desenvolveram na Igreja Romana medieval.
       A partir do início do século II, o modo de compreender o que acontecia na Ceia do Senhor tornava-se cada vez mais literalista. No princípio, o pão e 0 vinho eram considerados, em sentido figurado, a oferenda do corpo e do sangue de Cristo. Este conceito evoluiu paulatinamente durante séculos, numa direção mais literal, de modo que, por fim, a oferenda do pão e do vinho foi considerada, literalmente a oferta sacrificial do corpo e do sangue de Cristo, feita pelos sacerdotes. Era chamada, já em data muito remota, o "sacrifício do altar" e finalmente culminou nas doutrinas católico-romanas da transubstanciação e do sacrifício da Missa. Simultaneamente a estes desenvolvimentos, houve a evolução da mesa da Comunhão, a partir de uma simples mesa caseira onde o pão e o vinho eram servidos, até chegar a um altar onde, de alguma forma Cristo era oferecido. Quanto mais literalmente se pensava que os elementos eram Cristo, tanto mais a mesa era considerada um altar.
        A doutrina da Ceia do Senhor ocasionou discórdia na igreja pela primeira vez no século IX, quando Radberto, influenciado pelo anseio pelas coisas misteriosas e sobrenaturais que caracterizava os seus tempos, ensinou que ocorria um milagre ao serem pronunciadas as palavras da instituição na Ceia. Os elementos eram transformados no próprio corpo e sangue de Cristo. Radberto recebeu oposição de Ratramno, que sustentava a posição de que a presença de Cristo na Ceia é espiritual. O en- sino e a prática da igreja avançaram na direção de Radberto - a doutrina da transubstanciação, a saber: na Ceia a substância nos elementos do pão e do vinho é transformada na substância do corpo e do sangue de Cristo, ao passo que os acidentes - isto é, a aparên- cia, o sabor, o tato e o olfato - permanecem os mesmos. No século XI, Berengar rejeitou a ideia então corrente de que pedaços de carne de Cristo são ingeridos durante a Comunhão e de que parte do Seu sangue é bebido. Com sensibilidade, sustentava que o Cristo inteiro (totus Christus) é dado espiritualmente ao crente, enquanto este recebe o pão e o vinho. Os elementos permanecem inalterados, mas estão investidos de um novo sentido; representam o corpo e o sangue do Salvador. No entanto, este parecer não estava em harmonia com aqueles tempos, e a transubstanciação foi declarada como a fé da igreja em 1059, embora o termo não tenha sido usado oficialmente antes do Quarto Concilio Laterano, em 1215. A igreja medieval continuou e refinou o ensino da transubstanciação, acrescentando sutilezas, tais como: (1) a concomitância, isto é, tanto o corpo quanto o sangue de Cristo estão em cada elemento; daí, quando o cálice é recusado aos leigos, o Cristo inteíro, o corpo e o sangue, é recebido no pão isoladamente; (2) a consagração, isto é, o en- sino de que o momento sublime na Eucaristia não é a comunhão com Cristo mas a transformação dos elementos, pela sua consagração, no próprio corpo e sangue de Cris- to, ato este que é realizado exclusivamente pelo sacerdote; (3) visto haver a presença real de Cristo na Ceia - o corpo, o sangue, a alma e a divindade - um sacrifício é oferecido a Deus; (4) o sacrifício oferecido é propiciatório; (5) os elementos consagrados, ou a hóstia, podem sem reservados para uso posterior; (6) os elementos assim reservados devem ser venerados como o Cristo vivo. O Concílio de Trento (1545-63) confirmou estes ensinamentos nas suas 13? e 22? sessões, acrescentando que a veneração dada aos elementos consagrados é adoração (latria), o mesmo culto que é prestado a Deus.
       Há um verdadeiro relacionamento vivificante de comunhão entre os eventos e as realidades passados, presentes e futuros, simbolizados na Ceia e naqueles que dela participam (Jo 6.51; 1 Co 10.16). Esta comunhão é tão inseparável da participação da Ceia, a ponto de podermos falar do pão e do vinho como se realmente fossem o corpo e o sangue de Cristo (Mc 14.22: "Isto é o meu corpo"; cf. Jo. 6.53). É pelo Espírito Santo somente (Jo 6.53) que o pão e o vinho, quando recebidos pela fé, transmitem as realidades que representam, e que a Ceia nos dá participação na morte e na ressurreição de Cristo e no reino de Deus. É pela fé somente que Cristo é recebido no coração na Ceia (Ef 3.17), e assim como a fé é inseparável da palavra, a Ceia do Senhor nada é sem a palavra. Cristo é Senhor à Sua mesa, o anfitrião ressurreto e invisível (Jo 14.19). Ele não está presente à disposição da igreja, para ser dado e recebido automaticamente, na mera realização de um ritual. Mesmo assim, Ele está presente, de conformidade com a Sua promessa, para a fé que busca e adora. Ele também está presente de tal maneira que, embora os incautos e descrentes não possam recebê-Lo, não deixam de comer e beber juízo para si mesmos (1 Co 11.27). Ao participarem, pelo Espírito, do corpo de Cristo oferecido na cruz de uma vez por todas, os membros da igreja são estimulados e capacitados pelo mesmo Espírito Santo a se oferecerem ao Pai no sacrifício eucarístico, a servirem uns aos outros em amor, dentro do corpo, e a cumprirem sua função sacrificial como corpo de Cristo a serviço da necessidade do mundo inteiro que Deus reconciliou a Si mesmo em Cristo (1 Co 10.17; Rm 12.1).

Há, na Ceia do Senhor, uma renovação constante da aliança entre Deus e a igreja. A palavra "memória" ( anamnesis ) refere-se não simplesmente ao homem, que se lembra do Senhor, mas também à lembrança que Deus tem do Seu Messias, da Sua aliança e da Sua promessa de restaurar o reino. Na Ceia, tudo isso é levado diante de Deus na verdadeira oração intercessória.

Vós, todavia, não sereis tratados de ‘Rabis’; pois um só é vosso Mestre, e vós todos sois irmãos. (Mateus, 23)

João vitor - apologista e membro da Liga Cristã Contra as Heresias 

Nenhum comentário:

Postar um comentário