A IGREJA CATÓLICA CELEBRA O CORPO
E O SANGUE DE CRISTO?
Um processo de afastamento
contínuo da fé evangélica e da adoração livre descritas no NT teve seu início
no século II. Este afastamento foi suficiente para paulatina e progressivamente
mudar o caráter do próprio cristianismo. Fica claro na Ordem Eclesiástica, de
Hipólito, compilada antes do ano 236, que ocorrera grande desenvolvimento por
volta da metade do século III. Algumas formas litúrgicas já tinham sido
estabelecidas até essa data, mas o culto ainda era bem simples e relativamente
breve, sendo que algumas das orações eram livres (espontâneas).
Originalmente, a missa romana era
um rito simples com duas divisões principais: a Liturgia da Palavra e a
Liturgia do Cenáculo. Paulatinamente, no entanto, a mesa da comunhão cedeu
lugar ao altar, que era colocado contra a parede, e o clérigo oficiante tornou-se o sacerdote que ia até ao altar, a
fim de oferecer um sacrifício em benefício das pessoas presentes, sacrifício
este que elas mesmas não podiam oferecer. ,segundo o catecismo católico
1552. O sacerdócio ministerial
não tem somente o encargo de representar Cristo. cabeça da Igreja, perante a
assembleia dos fiéis; age também em nome de toda a Igreja, quando apresenta a
Deus a oração da mesma Igreja (30) e, sobretudo, quando oferece o sacrifício
eucarístico (31).
Porem a bíblia ave Maria os
refuta
27. que não tem necessidade, como
os outros sumos sacerdotes, de oferecer todos os dias sacrifícios, primeiro
pelos pecados próprios, depois pelos do povo; pois isto o fez de uma só vez
para sempre, oferecendo-se a si mesmo.
28. Enquanto a lei elevava ao
sacerdócio homens sujeitos às fraquezas, o juramento, que sucedeu à lei,
constitui o Filho, que é eternamente perfeito.
Livro Hebreus Capitulo 7 –
Hebreus, 7
Bíblia Ave Maria
Até o fim do século IV, à medida
que a realidade da presença de Cristo no culto da Comunhão cedia lugar a um
conceito extremamente localizado de Sua presença no pão e no vinho, barreiras
começavam a ser levantadas progressivamente entre o altar e o povo. A Ceia do
Senhor já não era um culto alegre de ações de graça evangélicas; tornara-se um
espantoso sacrifício objetivo do corpo e do sangue de Cristo. A importância
deste desvio radical do ensino e da prática neotestamentários não pode ser
superestimada. Representa uma marca divisória na história da adoração na igreja
cristã. Resultou na eliminação da maioria daquilo que caracteriza a adoração
evangélica. Os adoradores passaram a ser meros espectadores, observando a
atividade do sacerdote ao altar. Erros doutrinários tais como a
transubstanciação, a penitência e as obras meritórias contribuíram para o
declínio da adoração e da insatisfação cada vez maior dos adoradores. A medida
que os pagãos professavam em grande número a aceitação do cristianismo,
começavam a exercer influência, especialmente ao introduzirem uma ênfase ao
"mistério" da Ceia do Senhor. Ao invés da perpetuação da simplicidade
da adoração cristã primitiva, a forma e a cerimônia vieram a ter a primazia.
Foi preparado o caminho para a mudança radical da Ceia do Senhor na missa
romana, com todos os abusos que daí se desenvolveram na Igreja Romana medieval.
A partir do início do século II,
o modo de compreender o que acontecia na Ceia do Senhor tornava-se cada vez
mais literalista. No princípio, o pão e 0 vinho eram considerados, em sentido
figurado, a oferenda do corpo e do sangue de Cristo. Este conceito evoluiu
paulatinamente durante séculos, numa direção mais literal, de modo que, por
fim, a oferenda do pão e do vinho foi considerada, literalmente a oferta
sacrificial do corpo e do sangue de Cristo, feita pelos sacerdotes. Era
chamada, já em data muito remota, o "sacrifício do altar" e
finalmente culminou nas doutrinas católico-romanas da transubstanciação e do
sacrifício da Missa. Simultaneamente a estes desenvolvimentos, houve a evolução
da mesa da Comunhão, a partir de uma simples mesa caseira onde o pão e o vinho
eram servidos, até chegar a um altar onde, de alguma forma Cristo era
oferecido. Quanto mais literalmente se pensava que os elementos eram Cristo,
tanto mais a mesa era considerada um altar.
A doutrina da Ceia do Senhor ocasionou
discórdia na igreja pela primeira vez no século IX, quando Radberto,
influenciado pelo anseio pelas coisas misteriosas e sobrenaturais que
caracterizava os seus tempos, ensinou que ocorria um milagre ao serem
pronunciadas as palavras da instituição na Ceia. Os elementos eram
transformados no próprio corpo e sangue de Cristo. Radberto recebeu oposição de
Ratramno, que sustentava a posição de que a presença de Cristo na Ceia é
espiritual. O en- sino e a prática da igreja avançaram na direção de Radberto -
a doutrina da transubstanciação, a saber: na Ceia a substância nos elementos
do pão e do vinho é transformada na substância do corpo e do sangue de Cristo,
ao passo que os acidentes - isto é, a aparên- cia, o sabor, o tato e o olfato -
permanecem os mesmos. No século XI, Berengar rejeitou a ideia então corrente de
que pedaços de carne de Cristo são ingeridos durante a Comunhão e de que
parte do Seu sangue é bebido. Com sensibilidade, sustentava que o Cristo
inteiro (totus Christus) é dado espiritualmente ao crente, enquanto este recebe
o pão e o vinho. Os elementos permanecem inalterados, mas estão investidos de
um novo sentido; representam o corpo e o sangue do Salvador. No entanto, este
parecer não estava em harmonia com aqueles tempos, e a transubstanciação foi
declarada como a fé da igreja em 1059, embora o termo não tenha sido usado
oficialmente antes do Quarto Concilio Laterano, em 1215. A igreja medieval
continuou e refinou o ensino da transubstanciação, acrescentando sutilezas,
tais como: (1) a concomitância, isto é, tanto o corpo quanto o sangue de Cristo
estão em cada elemento; daí, quando o cálice é recusado aos leigos, o Cristo
inteíro, o corpo e o sangue, é recebido no pão isoladamente; (2) a
consagração, isto é, o en- sino de que o momento sublime na Eucaristia não é a
comunhão com Cristo mas a transformação dos elementos, pela sua consagração, no
próprio corpo e sangue de Cris- to, ato este que é realizado exclusivamente
pelo sacerdote; (3) visto haver a presença real de Cristo na Ceia - o corpo, o
sangue, a alma e a divindade - um sacrifício é oferecido a Deus; (4) o
sacrifício oferecido é propiciatório; (5) os elementos consagrados, ou a
hóstia, podem sem reservados para uso posterior; (6) os elementos assim
reservados devem ser venerados como o Cristo vivo. O Concílio de Trento
(1545-63) confirmou estes ensinamentos nas suas 13? e 22? sessões,
acrescentando que a veneração dada aos elementos consagrados é adoração
(latria), o mesmo culto que é prestado a Deus.
Há um verdadeiro relacionamento vivificante de comunhão entre os eventos
e as realidades passados, presentes e futuros, simbolizados na Ceia e naqueles
que dela participam (Jo 6.51; 1 Co 10.16). Esta comunhão é tão inseparável da
participação da Ceia, a ponto de podermos falar do pão e do vinho como se
realmente fossem o corpo e o sangue de Cristo (Mc 14.22: "Isto é o meu
corpo"; cf. Jo. 6.53). É pelo Espírito Santo somente (Jo 6.53) que o pão e
o vinho, quando recebidos pela fé, transmitem as realidades que representam, e
que a Ceia nos dá participação na morte e na ressurreição de Cristo e no reino
de Deus. É pela fé somente que Cristo é recebido no coração na Ceia (Ef 3.17),
e assim como a fé é inseparável da palavra, a Ceia do Senhor nada é sem a
palavra. Cristo é Senhor à Sua mesa, o anfitrião ressurreto e invisível (Jo
14.19). Ele não está presente à disposição da igreja, para ser dado e recebido
automaticamente, na mera realização de um ritual. Mesmo assim, Ele está
presente, de conformidade com a Sua promessa, para a fé que busca e adora. Ele
também está presente de tal maneira que, embora os incautos e descrentes não
possam recebê-Lo, não deixam de comer e beber juízo para si mesmos (1 Co
11.27). Ao participarem, pelo Espírito, do corpo de Cristo oferecido na cruz de
uma vez por todas, os membros da igreja são estimulados e capacitados pelo
mesmo Espírito Santo a se oferecerem ao Pai no sacrifício eucarístico, a
servirem uns aos outros em amor, dentro do corpo, e a cumprirem sua função
sacrificial como corpo de Cristo a serviço da necessidade do mundo inteiro
que Deus reconciliou a Si mesmo em Cristo (1 Co 10.17; Rm 12.1).
Há, na Ceia do Senhor, uma
renovação constante da aliança entre Deus e a igreja. A palavra
"memória" ( anamnesis ) refere-se não simplesmente ao homem, que se
lembra do Senhor, mas também à lembrança que Deus tem do Seu Messias, da Sua
aliança e da Sua promessa de restaurar o reino. Na Ceia, tudo isso é levado
diante de Deus na verdadeira oração intercessória.
Vós, todavia, não sereis tratados de ‘Rabis’; pois um só é vosso Mestre, e vós todos sois irmãos.
(Mateus, 23)
João vitor - apologista e membro da Liga Cristã Contra as Heresias
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